"Na verdade, Davi, no seu tempo, cumpriu os planos de Deus em sua geração. Depois adormeceu, foi sepultado ao lado dos seus antepassados e seu corpo se decompôs." - Atos 13.36
E o que mais me lembrei durante a leitura, especialmente do versículo de Atos 13.36, foi que eu pai, alguns meses antes de morrer, amava cantar e repetir a canção, ouvir e dedilhá-la no violão quase todos os dias "Deus vai cumprir os seus planos em mim, Deus vai fazer o que lhe apraz. Sou pequeno e falho mas Ele é Deus, Ele só faz o melhor pelos seus". E além disso, ele passou a ter umas conversas bem esquisitas sobre o tempo que passaria comigo... É como se ele soubesse que em breve iria morrer -pensar isso agora é um pouco assustador... o que deveria estar passando pela cabeça dele? Mas...- Ele dizia que só pedia a Deus que não levasse ele sem antes deixar as coisas encaminhadas pra mim e minha irmã. Que gostaria de ver os netinhos dele, mas que se preocupava primeiro com que eu e minha irmã fossemos capazes de cuidar de nós mesmas.
Em fim... Eu fiquei pensando em como meu pai era de fato a personificação de Jesus na minha vida! Eu me sentia protegida, tinha um amigo que me ouvia mesmo que não fosse dos melhores em dar conselhos... Eu me sentia querida e especial com meu pai. Eu amava os abraços dele e o tempo que tocavamos e cantávamos juntos. Ele me ensinou a lutar no mundo espiritual quando tivesse pesadelos com demônios. Ele me ensinou a responsabilidade de ser chamada filha de Deus e a importância da fé no mundo espiritual. Meu ai era meu discipulador/mentor! Eu vi a minha família passando dificuldades financeiras, mas ele, em todo o tempo estava presente, dizendo que tudo ia ficar bem porque Deus era com a gente, e no final tudo ficava bem mesmo. Socorro de alguma parte chegava e era impressionante! Lembro dele me ensinar a não deixar passar uma só vez sem agradecer por alguma vitória ou conquista que Deus nos deu. Fosse a casa própria ela qual sempre orávamos para ter desde que me entendia por gente, ou fosse um dia sol quando a previsão era pra chuva. Ah, eu poderia escrever tanto, mas tanto mais a respeito do que ele me ensinou com ou sem palavras...
Meu pai definitivamente me impactou com sua coragem e fé que eram resultado da intimidade que tinha com Deus. E eu sei que ele impactou minha geração. Dois anos depois de sua partida, eu ainda estava ouvindo testemunhos de pessoas que eram agradecidas pela vida do meu pai.
E... o que eu estou fazendo? Correndo atrás do meu próprio sonho? Gastando horas na frente de um computador satisfazendo um prazer meu com videos de pessoas famosas ou assistindo filmes e séries que no máximo ensinam valores que podem ser aprendidos diretamente com o próprio Deus? Estou preocupada se estou bonita o suficiente na foto ou se sou boa o bastante pra alguém? O que estou fazendo pra ser alguém que mesmo depois de ir embora vai deixar saudade? Não por talentos, mas pela pequena parte de mim que vai ficar em cada vida... Porque a parte do meu pai que há dentro de mim me dói por saber que é só uma parte, porque ele não está mais aqui! Mas essa parte que fica me lembra, mesmo que de tempos em tempos, que ele sim cumpriu sua missão em terra estrangeira e voltou pra Casa com honra, com recepção de boas vindas e tudo! Ele não perdeu tempo, não se distraiu em missão, ele fez o que tinha que fazer.
Então... o que eu estou fazendo? Não colocamos o versículo de At 13.36 na lápide do meu pai, mas certamente caberia pra ele.
O que estou fazendo para merecer um reconhecimento como o de Davi, assim, ao final da vida terrena? O que estou fazendo pra marcar vidas de tal maneira que elas se sintam inspiradas mesmo quando eu não estiver lá para incentiva-las?